sábado, 5 de março de 2011

Dança Afro e Dança dos Orixás

Dança Afro e Dança dos Orixás: em que elas se diferem
Além do candomblé há outras formas de inspirações para a dança afro

André Frutuôso
www.salvadordiario.com
 
OPINIÃO

Toda dança de orixá é uma dança afro, mas nem toda dança afro é uma dança de orixá. Não é raro encontrar pessoas que em pleno século XXI façam o sinal da cruz e exclamem: "Dança afro, Deus é mais"!

Dança de orixá é diferente da dança afro. Quando se pratica a dança dos orixás têm todo um ritual... Movimentos, palavras e som entram em sintonia para saudar, chamar ou cultuar cada divindade.  Isso é um ato religioso praticado pelos adeptos ao culto, no qual a dança é só um dos itens que compõe a celebração.

É válido ressaltar que esses preceitos do culto afro religioso têm se folclorizado muito e adentrado as esferas mercadológicas, ou seja, existe um mercado de entretenimento  em que a encenação do culto real é comercializado nos chamados shows folclóricos. A questão colocada em pauta aqui, não é fazer um juízo de valor se isso é certo ou errado, mas refletir até que ponto se pode levar os rituais das roças e dos barracões para cima dos palcos?

A dança afro que acontece pela cidade do Salvador é feita de maneira criativa e muito original, mas ao mesmo tempo igual. O cerne da dança afro, pelo menos na capital baiana, tem sido as histórias e símbolos dos orixás, no entanto, cada professor, de acordo seu grau de instrução, estudo e aperfeiçoamento técnico, tem dado uma identidade as suas aulas que difere das danças de preceito, e trazido uma leitura contemporânea dos movimentos afros, construindo assim a Dança Afro Brasileira Contemporânea.

Zumbi, Maria Felipa, Nelson Mandela, Barack Obama e mais outras personalidades negras não poderiam ser motivos de inspiração para trabalhos de dança afro? A dança afro transcende a questão das iabás e oborós, coletivos de orixás femininos e masculinos, respectivamente. É uma atividade política, histórica e social, alicerçada na negritude e expressa de maneira performática com movimentos corpóreos e músicas que representam o negro de ontem e hoje.

É necessário compreender que quando os tambores rufam, não são somente para entrar em contato com os deuses africanos, mas também para demonstrar os nossos anseios, dificuldades, mazelas, alegrias, conquistas, vitórias, emoções e mais outros sentimentos, pois dançar ao som dos atabaques, djambês, pandeiros, caxixis,  ka
langu,  xequerês e agogôs não fazem mal a ninguém.

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